Cada estação do ano é pautada pelos seus rituais e o outono, em Portugal, é marcado pela confeção e cura da marmelada.
Embora hoje em dia se encontre marmelada confecionada em todos os supermercados, ainda é tradição fazer-se em casa e oferecer às pessoas amigas taças de marmelada nesta altura do ano, na época do marmelo.
Este doce compacto, feito apenas com marmelos, açúcar e água, após ser cozinhado e distribuído por taças, tem que secar ao sol. Depois de passar alguns dias nas varandas, terraços ou jardins, é coberto com papel vegetal e conserva-se durante muito tempo.
Normalmente as fatias de marmelada acompanham-se com queijo e servem-se como entrada ou sobremesa. Esta dupla agridoce é tão apreciada em todo o Portugal que até tem o mesmo nome que um par romântico mundialmente famoso: Romeu e Julieta.
Por ser nutritiva, saborosa e de longa conservação, conta-se que a marmelada era presença obrigatória nas naus portuguesas durante os Descobrimentos. Deu assim a volta ao mundo e acredita-se que marmelada seja um termo português adotado pelos ingleses (marmalade), franceses (marmelade) e também pelos italianos que dizem marmellata, embora fora de Portugal o termo nomine a compota portuguesa e não o doce de cortar à fatia.
A receita que hoje vos apresento é da Adosinda, mãe da minha querida amiga Maria João, a quem agradeço mais este delicioso ensinamento!
ingredientes | ingredienti
- marmelos
- açúcar
- água
- aguardente
- papel vegetal
- taças
preparação | preparazione
1. Lavar bem os marmelos, cortar em 4, retirar as sementes e limpar as manchas escuras da pele.
2. Cozer num fundo de água.
3. Quando os marmelos estiverem bem cozidos, escorrer num passador e passar com a varinha mágica formando uma polme que se pesa.
4. Na panela onde se cozeram os marmelos coloca-se açúcar num peso igual à polme (eu roubei um pouco e coloquei um peso de açúcar equivalente a 80 % da polme) e junta-se 120 ml de água por cada 250 gr de açúcar adicionado.
5. Mistura-se e deixa-se ferver até obter um ponto de pérola (quando a calda chega a 108°) bem preso.
6. Nessa altura, com cuidado, junta- se o polme e mexe-se para envolver uniformemente com uma colher de pau.
Atenção porque pode salpicar e provocar queimaduras se o lume estiver muito forte. É melhor baixar o lume, misturar e voltar a subir.
7. Mexe-se sempre até voltar a borbulhar.
8. Desligar o lume e deitar em tigelas que se abanam ligeiramente para ficar bem lisa por cima.
9. Colocar as tigelas ao sol para ficar bem enxuta durante 3 ou 4 dias (depende de quanto é densa a marmelada e quanto se aprecia sólida).
nota final | nota finale
Se for para guardar, depois do sol, colocar discos de papel vegetal sobre a marmelada, embebidos e escorridos em aguardente.
SUGESTÕES
1. Para uma marmelada mais clara cortar e retirar os caroços aos marmelos quando a água onde vão cozer já está quente. Se se gostar de marmelada mais escura, não é preciso evitar a oxidação dos marmelos e portanto cortam-se todos e só depois se colocam a cozer, partindo da água fria.
2. Se se cozer os marmelos em mais água, pode-se usar essa água para fazer a calda de açúcar da marmelada ou para fazer geleia.
3. Aproveitar os caroços para fazer geleia.